sábado, 26 de dezembro de 2009

Reencarnação


Pensamento do dia:

“O mais engraçado da reencarnação é que mesmo não sendo você, continua sendo você”

(Filme: O céu pode esperar – Down to Earth, 2001)



Raciocinemos sobre o seguinte: durante seus atos e condutas, durante algumas conversas com seus amigos, no seu dia-a-dia... você possui uma identidade, independente de lembrar seu próprio nome, ou de lembrar de fatos ocorridos contigo. O que você é independe de suas lembranças. Porque o que você se tornou enquanto personalidade e caráter, passaram a ser algo intrínseco a você. Imagine que você mude algum dia para outra cidade distante; as pessoas que te virão a te conhecer terão acesso a quem você é independente de acontecimentos de seu passado, que elas não terão conhecimento. O que você é, para os outros, não está vinculado aos fatos passados, mas ao somatório deles presente em você. Você é o somatório de tudo que fez, tudo o que passou, tudo o que aprendeu, mesmo que não se lembre. Desta e de todas as outras vidas!


Tcha nana nanana



Vídeos como esse me mantém resoluto em continuar aprendendo a tocar violão!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Papai Noel militar?



Acho que Papai Noel é algum tipo de militar aposentado.
- Usa gorro
- Usa gandola
- Usa coturno
- Leva os presentes em um "saco VO"
- Viaja muito...

Alguma dúvida?


Quem quiser ler um pouco sobre a história do personagem "Papai Noel", clique aqui.
Bom Natal!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Médicos e cabeleireiros

Recebi o seguinte texto por e-mail, depois encontrei o site do autor com o original:

- Como está agora?
- Bem melhor.
- Precisa cuidar direitinho. Tome cuidado, ok?
- Pode deixar.
- Te vejo no mês que vem?
- Com certeza.
- Quer deixar marcado?
- Melhor não. Não quero prender seu horário. Depois eu ligo e marco com mais certeza.
- OK. Até lá!
- Até…

Este foi meu último diálogo com um profissional que vejo quase todos os meses. Felizmente, não sofro de nenhuma doença crônica que precise de acompanhamento periódico. Nem tampouco sou hipocondríaco ou faço exames regulares com receio de algum mal maior. Este foi apenas um fragmento de conversa com o profissional com quem corto o cabelo há mais de 10 anos.

Saindo do salão deixei um cheque no valor de R$ 40,00 referentes ao corte e mais 10% de gorjeta, como meu pai me ensinou: ‘Filho, estes profissionais ficam bem mais motivados a trabalhar, se você demonstrar satisfação’

Chegando ao consultório me deparo com uma situação constrangedora onde uma paciente recusava-se fornecer seu cartão do plano de saúde para ser feita a cobrança junto à seguradora, pois alegava que era retorno de consulta, onde ela apenas teria vindo para mostrar os exames que eu pedira há 2 meses atrás. Para contornar a situação, acabei orientando que não fosse feita a cobrança e que a atenderia assim mesmo. Afinal, poderia dar a impressão que eu estaria sendo mercenário ou que minha atitude não era digna de um médico com mais de 20 anos de formado. Ao deitar para dormir à noite, algo me inquietava e afugentava o sono.

Eu pagara R$ 44,00 ao cabeleireiro e, no mesmo dia, tivera recusado pela paciente uma cobrança de R$ 34,00 referentes a uma consulta médica para avaliar alguns exames, que me orientariam na conduta frente a um diagnóstico de câncer e sua possibilidade de cura.

No mês seguinte, voltei ao salão para cortar o cabelo com um pouco menos de entusiasmo. Considerando o investimento em formação técnica e profissional, proporcionalmente, se eu recebo R$ 34,00 por uma consulta, deveria pagar não mais do que R$ 5,00 para cortar o cabelo.

Conversando com o Lúcio, ele me dizia que fizera um curso de 1 ano em escola de cabeleireiros, que vai anualmente a congressos para conhecer novas técnicas, novos produtos e se atualizar nos cortes da moda. Disse que tem que trabalhar até as 20 horas e também aos sábados. Realmente fiquei orgulhoso em saber que meu profissional é um sujeito atualizado.

Novamente a inquietude me tomou de assalto e não pude deixar de me comparar ao Lúcio. Certamente ele não tem curso superior. Nem tampouco pós-graduação. No entanto, isto não o faz uma pessoa menor. Maneja muito bem a tesoura e a máquina e dá o que o cliente quer: satisfação. Valoriza seu trabalho e investe na profissão.

Voltei a pensar em mim.

Ele está certo. O que motiva então esta comparação entre um médico e um cabeleireiro?

Vejamos: ambos temos clientes. Os dele são mais fiéis do que os meus, pois os meus vieram até mim por intermédio do livrinho do convênio. Os dele são 100% particulares. Nós dois cuidamos da saúde das pessoas, claro que ele cuida dos cabelos e eu do resto. Vestimo-nos de branco impecavelmente. Manejamos a tesoura com habilidade. Está certo que as estruturas que eu corto, normalmente, sangram e doem, mas temos que ter certa habilidade para tanto. Em alguns momentos usamos luvas e máscaras, para nos proteger e até proteger o cliente. Trabalhamos bastante. Às vezes temos que atender em 15 minutos, mas normalmente damos conta do recado, neste período. Precisamos de infra-estrutura como pias, cadeiras, telefone, secretária, agenda, café, revistas, sala de espera, etc. Pagamos impostos sobre o serviço realizado. E quantos…

E nossas diferenças? Bem, fiz a faculdade em 6 anos, após muito estudo para enfrentar um dificílimo vestibular. Diploma em mãos, foi pra gaveta, pois nova prova era necessária para fazer uma especialidade, desta vez com funil ainda mais apertado. Mais 3 anos se foram. Aos meus 27 anos de idade, eu havia passado 1/3 deles na Santa Casa de São Paulo. Daí comecei a trabalhar como plantonista, diarista, funcionário e até professor, para finalmente montar meu próprio consultório. Clientes particulares não existem para médicos pobres mortais da minha geração. Devem estar sendo cuidados pelo IBAMA, para ver se se reproduzem em cativeiro.

O jeito é fazer alguns convênios, pois hoje ninguém que tenha algum recurso financeiro quer ser atendido pelo SUS. E, a julgar pelas moças bonitas e pelos homens de meia idade esbanjando saúde que aparecem nas propagandas, o plano de saúde deve ser uma maravilha. Descobriram a fonte da juventude !

Na outra ponta estamos nós, médicos de meia idade, recebendo valores que variam de R$ 18,00 a R$ 42,00 por consulta para decidir sobre a sua saúde, caro leitor. E não para por aí: se formos falar em cirurgias então, a coisa fica pior. Você pode não saber, mas se o seu plano de saúde te dá direito a quarto coletivo (enfermaria) o médico que faz a sua cirurgia recebe metade do valor combinado. Você deve estar se perguntando porquê? E nós também. Alguns exemplos: uma cirurgia comum como a amigdalectomia paga entre R$ 60 e R$ 85,00 se for plano enfermaria e, pasme, o dobro disto, se for plano apartamento. Isto você não sabia quando fez o plano, não é ? E por aí vai: apendicectomias, partos, hérnias, histerectomias, tireoidectomias pagam em torno de R$ 300 a R$ 450,00 no melhor plano.

E você achava que seu médico ganhava bem, né ?

E os Pediatras, Clínicos, Reumatologistas, Pneumologistas, Cardiologistas que não fazem cirurgias ? Ganham o quê? Consultas e apenas consultas…

Detalhe importante: cada vez que eu vou ao Lucio, eu pago. Se o paciente voltar em menos de 30 dias, o convênio não paga. Se vier uma ou dez vezes em um mês, o médico recebe apenas uma consulta. E aquela paciente não quis me deixar cobrar uma nova consulta após dois meses, para ver seus exames. Duas consultas por R$ 34,00 sai em média R$ 17,00 cada uma, fora os impostos.

No salão do Lucio também tem manicure e pedicure. Mão e pé sai pela bagatela de R$ 30,00, mas eu não faço lá. As mulheres gastam bem mais em seus cabelos com tinturas, escovas, banhos de óleo, chapinhas, etc e nada disso sai por menos do que….. uma consulta médica. Não que não devam fazer. Acho que devem se cuidar, se enfeitarem e serem vaidosas, com moderação. Apenas quero alertar para o conflito de valores. Nem vou comentar sobre preço de depilação sob pena de entrar em profunda depressão.

Outros serviços, como ‘quick massage’, tem se popularizado nos shoppings. Meia hora por R$ 30,00. Sem impostos, recibos, notas fiscais, títulos de especialista, vigilância sanitária, conselho regional, associações de classe, sindicatos e convênios. E se voltar no dia seguinte, paga de novo.

Enfim, existe o problema e muitos médicos têm vergonha de falar sobre isto. Alguns querem manter a pose de ricos e bem sucedidos, quando na verdade estão mesmo é falidos.

Eu deixei de atender convênios e parei de ter insônia por este motivo. Agora o motivo é outro: como vou fazer para pagar minhas contas, se todos os pacientes querem passar com o ‘médico do convênio’ ?

Fonte/autor: (Dr. Alexandre Hamam, Médico da Santa Casa de São Paulo)

É a mais pura realidade, infelizmente. Eu mesmo, trabalhei por um tempo em uma Clínica psiquiátrica onde, entre outras atividades, eu atendia consultas ambulatoriais, a maioria delas por plano de saúde. Os planos pagavam entre 18 e 40 reais, e a clínica me repassava 30% do valor de cada consulta. Ou seja, eu recebiam por consulta, entre R$ 5,40 e R$ 12,00 reais... os pacientes gastam mais comprando uma promoção do MC' Donald do que recebe um profissional médico numa consulta. Um mecânico, um eletricista, um técnico de computador... não trabalha por menos de 60 reais, ainda que o serviço dure menos de 1 hora, com equivalência à uma consulta médica.

Não vou negar que ganha-se bem na medicina, no final das contas, mas às custas de um somatório de vários empregos, plantões, ambulatório... o que fica para se pensar é a desvalorização de um serviço vital. A banalização de algo muito delicado e precioso. Sua vida vale quanto?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

18 graus





Hoje fui cortar cabelo. Em Tefé o dia amanheceu nublado, choveu um pouco de tarde, mas ainda assim estava um dia quente.




(Barbeiro) - Tá friozinho hoje, né?
(Eu) - ...
(Barbeiro) - Sabia que há 10 anos mais ou menos, teve um dia que fez 18 graus aqui em Tefé? Todo mundo ficou tremendo!
(Eu) - ...!


18 graus? Rs...
Minha cidade natal, Petrópolis, deve fazer isso quase toda noite! Rs.
Hoje descobri que 18 graus é o super frio da região próxima ao equador!
E isso mostra o aquecimento global! Há mais de 10 anos a temperatura não desce consideravelmente por aqui. Pelo menos segundo o meu barbeiro!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Não e sim


Pensamento do dia:

"Quando disser não, explique o seu não.
Quando disser sim, cumpra o seu sim"

(Ouvi numa entrevista na televisão, não sei o autor)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Espiral no céu da Noruega

No último dia 10 de dezembro deste ano, no norte da Noruega, por volta das 7:45 no horário local (4:45 em Brasília), uma luz espiral azul, “maior que a Lua”, foi observado, fotografado e filmado por diversas pessoas.

O objeto não identificado surgiu deixando um rastro luminoso azul, mas instantes depois parou e ficou girando no mesmo lugar, formando uma espiral branca. Alguns sites dizem que o fenômeno durou 2 minutos, outros falam em 12 minutos.

Não há explicação oficial sobre o acontecimento.

Várias teorias surgiram para explicar o estranho fenômeno. A tentativa por parte dos cientistas locais está em dizer que teria sido a falha no teste de um míssel Bulava, disparado por um submarino nuclear Russo no Mar Branco. Erik Tandberg, consultor do Centro Espacial da Noruega, disse que a agência foi inundada com telefonemas sobre a origem da luz. Dentro de horas ele disse que a agência concluiu que era um míssil russo falho. Tandberg disse que uma combinação de circunstâncias fizeram a luz ficar claramente visível. A cor azul vinha de gases do míssil iluminados pelo Sol; e o aspecto do céu, muito claro e frio, ajudou na visualização. O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que a Marinha do país lançou um míssil no mesmo dia, e que ele falhou no terceiro estágio de sua trajetória. Também informou que o míssil partiu do submarino nuclear Dmitry Donskoi.

Mas o ministério russo não comentou sobre o local exato do veículo no momento do disparo e se recusou a fazer qualquer conexão com a luz misteriosa. Por enquanto, nenhuma autoridade militar russa se manifestou sobre o caso.

Eu gostei do comentário deste americano:

The missile theory is that a submarine, the Dmitri Donskoy, launched the Bulava missile from the White Sea early that morning. The attached picture 1 was taken in Tromso, Norway. So the people that claim this is a missile want me to believe that if I were to follow the blue trail to its source it would be 700 miles away - in the White Sea? The atmosphere is about 30 miles thick, therefore, the missile traveled at an angle that put it 700 miles away, before it reached 30 miles up? Do you realize how shallow of an angle that is? If I were to look up details about missiles, I guarantee intercontinental ballistic missiles (ICBM) are not launched at those types of angles.
theworldriver.blogspot (dot com) - John, Boulder, CO - USA

Outras explicações falam em lasers (plausível, se o céu estivesse com neblina ou nuvens), canhões de luz (idem ao anterior), ou a aparição de um OVNI (eu sempre voto nesta opção!).

Os mais sensacionalistas dizem que foi um “sinal”, relacionam com o fim do mundo e com “2012”. Mas o melhor comentário que eu ouvi: “isso foi Deus dando descarga na Terra!”

No dia seguinte ao fato, na mesma cidade, seria a entrega do Nobel da Paz ao presidente americano, Barak Obama (eu me recuso a comentar esse fato).

Agora, meus caros leitores, pensemos bem: quando vocês já viram um míssel explodir e causar com os seus gases uma espiral de luz que gira mantendo um centro fixo, e que abre a fecha seu foco?

Vendo as imagens eu sou obrigado a ficar com a hipótese do laser/canhão de luz. Ou ninguém notou o feixe vindo de um ponto fixo na terra, como no “sinal do Batman”?

Tirem suas próprias conclusões:



sábado, 12 de dezembro de 2009

Atendente e escatologia


Fiquei até 4 da manhã vendo um filme (ruim) na globo. Como hoje era sábado e eu não tinha obrigações no quartel, previ dormir até meio dia.
Nove da manhã toca um de meus celulares, o da claro, com o número do Rio (o outro é de Tefé).
Olho no visor e não reconheço o número. Atendo.
- Bom dia! O senhor gostaria de contratar uma linha fixa da Oi?
(Penso num palavrão, mas respondo educadamente...)
- Não, obrigado. Não estou no Rio, estou numa cidade no interior da Amazônia em serviço para o exército.
(Ele deve ter pensado: "nunca ouvi uma desculpa tão absurda!" Ele continua...)
- Então não quer contratar nosso serviço de celular?
(Eu, com sono, irritado...)
- Não, meu amigo, tô no meio da selva com o exército, já tenho celular, e pelo próximo ano não tenho como contratar nada!
(Fim do telefonema)

Raios! Perdi o sono depois disso e não consegui voltar a dormir.
Malditos vendedores de serviços por telefone.

Ok... essa história não tem muita graça! Mas é minha forma de desabafar!

Mudando de assunto...
Lembrei do vídeo abaixo esses dias. Em parte pelo fato de que em Tefé, uma das coisas que mais atendemos são as gastroenterites (diarréias e vômitos). Ontem mesmo um paciente senta-se no consultório e me fala com naturalidade:
- "Doutor, desde essa noite eu tô cagando muito! Tudo mole..."
Um vídeo escatológico para vocês.



Dose única


Outro dia um paciente veio tirar uma dúvida comigo (fato real)

- Doutor, outro dia eu tive uma dor aqui (aponta para a região inguinal) e me deram uma injeção de um remédio que disseram que servia pra muita coisa, e que me deixou sem dor nenhuma! Eu queria saber que remédio foi esse. Ele se chamava "dose única"

(Fiz alguns segundos de silêncio reflexivo, com a testa franzida)

- Não lembra de mais nada no nome do remédio não?

- O nome era esse, doutor! Dose única! O senhor não sabe que remédio é esse?

- Tem muitas medicações desta maneira, em dose única... deve ter mais algum nome...

- Não doutor, era "dose única" o nome. Que pena que o senhor não conhece...!
(É mesmo uma pena! Rs...)



Pensamento do dia:

"Quando as portas da percepção forem abertas, veremos tudo como realmente são: infinitas"

(Baseado em citação de William Blake e Aldous Huxley).






quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Embrulhos


Faz algum tempo, eu havia lido uma história mais ou menos assim:

Era uma vez um jovem, muito doente que poderia morrer a qualquer momento.
Um dia decidiu sair sozinho e caminhou algumas quadras de sua casa olhando as vitrines e as pessoas que passavam.
Ao passar por uma loja de discos, notou uma moça, que parecia ser feita de ternura e beleza.
Foi amor a primeira vista. Entrou na loja olhando para sua amada.
Quando ela o viu deu-lhe um sorriso e perguntou se poderia ajudar em alguma coisa.
Era o mais lindo sorriso que ele já havia visto e a emoção foi tão grande e forte que mal conseguiu dizer que queria comprar um CD. Pegou o primeiro que viu na frente e disse " é esse aqui".
"Quer que embrulhe pra presente?", perguntou ela, sorrindo.
Ele mexeu a cabeça dizendo sim. Pegando o pacote,saiu, porém louco de vontade de ficar por ali.
Daquele dia em diante, todas as tardes voltava à loja de discos e comprava um CD qualquer.
Todas as vezes a garota saia do balcão e voltava com um embrulho cada vez mais bonito, que ele guardava no closet, sem nem mesmo abrir.
Ele estava apaixonado,mas tinha medo da reação da moça.
Muitos dias depois,cheio de coragem, comprou um CD e como sempre ela foi embrulha-lo.
Quando ela já havia saido, o garoto escreveu em um papel o nome dele e o telefone, deixou no balção e saiu correndo.
No dia seguinte o telefone tocou, e a mãe do jovem atendeu. Era a garota da loja perguntando dele.
A mãe desconsolada, chorando perguntou a ela: "Você ainda não sabe? Ele faleceu essa manhã".
Mais tarde ao entrar no quarto do filho e olhar suas roupas ficou surpresa com a quantidade de CD's todos embrulhados.
Curiosa abriu um e um pedaço de papel caiu onde estava escrito: "Você é muito simpático, não quer me convidar pra sair? Eu adoraria"....


Provavelmente falta "a moral da história" nessa versão que encontrei.
Lembro que quando li esse texto há alguns anos, fiquei tocado, imaginando-me na história (sempre temos a tendência de nos transportarmos para o que lemos), e sentindo o sarcasmo do destino no final trágico. Ainda
hoje acho que finais felizes no amor, somente em contos, histórias e poesias. Sábio Vinícius ao dizer "eternamente enquanto dure". Mesmo as eternidades são efêmeras.
Estão me achando pessimista hoje? Ok. Abram todos os pacotes daqui pra frente. Simples assim!

Para quem se perguntou "Por que a foto da 'Kate' da série LOST no início do post?", algumas explicações possíveis. Eu compraria vááários CD's em uma loja onde ela trabalhasse. O post ficou mais bonito. E em terceiro lugar, porque eu quis! Rs.

Enquanto isso em em algum lugar no meio da selva amazônica: hoje não acabou a luz. Choveu um pouco, como todos os dias aqui pela selva. Chove todo dia pelo menos 5 minutos. Vendo o noticiário na TV, vi que Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande estão afundando pós chuvas. Tenho a impressão que o mundo poderia acabar e Tefé estaria na mesma paz e rotina, isolada e protegida pela selva Amazônica. Que o poder das samaúmas nos mantenha! Rs.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Poemas que eu gostaria de ter escrito...



"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu."


Autor: Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)


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Uma das metas de minha vida: decorar este poema!


Enquanto isso em em algum lugar no meio da selva amazônica: a luz vai acabar daqui a 35 minutos. Não, meus caros, eu não me tornei um vidente. Cada setor da cidade fica sem luz por duas horas, todos os dias, em horários alternados, para economizar o óleo (ou sei lá o que) usado como combustível na usina termoelétrica de energia da cidade. Hoje, o setor que eu moro ficará sem luz das 22 às 24:00. É mole?